Luz apaga... Luz acende... Luz apaga... Luz acende... Há momentos que acho o fato de existir uma verdadeira perda de tempo. Momentos que foram singulares por no máximo cinco minutos, ainda com um espírito otimista, assumo que, hoje, os visualizo e percebo que não passam de tempos efêmeros, que trouxeram micelas de felicidade. Apenas micelas.
Caso tentasse caminhar por uma rua, sentiria a vulgaridade dos meus passos e a futilidade dos meus pensamentos. Caso tentasse sentar no meio-fio de uma calçada e encostar a cabeça em um poste de luz fétido, odorizado por urina de humanos e de bichos, logo tentaria esvaziar a mente, pensar no branco, sem necessitar acionar a minhas psicoses. Nada consigo. Minhas pernas não andaram pela calçada, rastejaram-se. Não esvaziei a mente ao encostar em um poste, inundei-me em medos e angústias.
Vivo por opção. Vivo por quererem que eu viva. Lembro-me da pressão exercida pelas dentes de serrar de uma faca sobre o meu pulso. No momento, tudo era negro, insosso, descabível de significações. No entanto, senti pela primeira vez minhas angústias se misturarem a minha paz.
Dou gargalhadas como dei naquela época. Olho para um lado e para o outro. Ouço sussurros incessáveis. Sinto que está piorando. Tudo! Saia desse ser... Saia de si... Saia desse ser... Saia de si.
A luz acendeu. A luz apagou. A luz desalumiou-se...
Eduardo Mulato do Vale
Nenhum comentário:
Postar um comentário