dezembro 13, 2010

A Laranjeira



Quanto tempo passei ao seu lado, desabafando casos perdidos, sugerindo formas de viver, de aprender, de errar?
Hoje, venho-me a relembrar todos os dias que passamos juntos, brincando ao seu redor, retirando suas laranjas, as quais eram as mais adocicadas da cidade, e deliciando-me a sua sombra, projetada para me proteger.
Seus galhos tortuosos e espinhentos, sua raiz que emanava do solo causando rachaduras no chão e rugas em minha mãe, fazendo-a recorrer a modos nada agradáveis para você, eu acho. A sua copa, que, às vezes chegava a minha janela, para meu deslumbre e, na minoria das vezes, para retirar o meu sono, era magnífica, não necessitando de poda.
Foram incontáveis os amigos verdadeiros e falsos que você me trouxe. Amigos que se foram com o tempo e de acordo com que iam acabando as laranjas, amigos que, no fim das contas, não eram amigos meus, mas apenas seus.
Agora fico aqui a te admirar e a passar uma nostalgia que toma conta de todo meu ser. Fico lembrando os seus tempos de auge frutífero, de todos os animais que você me viu criar, de toda a minha infância que passou diante de seus galhos. Sinto pena dos meus irmãos que não tiveram você nem souberam aproveitar você, deixando-a isolada. Desculpa por isso.
Estou estático diante do que fizeram contigo. Ainda procuro vida em seu tronco. Cadê os seus espinhos? Cadê a sua copa? Cadê a laranjas?
Enfim, cadê você, minha laranjeira?

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